domingo, maio 04, 2008

Referendo sobre o REUNI não conseguirá explicar pro estudante o significado concreto da Política de Expansão do governo

A idéia de intensificar o debate político sobre o REUNI e a política de expasão do Governo Lula é muito importante, até porque houve todo um setor do Movimento Estudantil que no ano passado contribuiu de forma muito sólida para a luta contra o decreto do REUNI.
Neste momento precisamos fazer um balanço político do que foi este processo e avançar em uma tática que possa enfrentar a Política de Expansão no plano concreto. Isto significa que não podemos manter o debate no campo retórico e sem demonstrar objetivamente as mudanças que sofre a universidade pública brasileira com a expansão sem qualidade.
A discussão democratica é fundamental para que tenhamos um apelo de revogação tanto do decreto como dos planos de expansão de cada universidade. Porém, é necessário que se aprofunde o debate nos impactos que isto gera na universidade a posteriori.
A Consulta sobre o REUNI pode acontecer em algumas universidades como uma forma de agitar o enfrentamento e a discussão, em geral naquelas que houveram um processo de luta mais radicalizado. Mas, por exemblo no caso da UnB onde a pauta central é democratização e a luta contra as fundações precisamos ter uma tatica mais formulada e o referendo com certeza não é a melhor forma, porque repete a lógica do enfrentamento apenas no campo retórico.
Há a necessidade de gastarmos forças na organização de uma campanha contra as fundações privadas e toda sua lógica na universidade (o que inclui o REUNI) e também avançarmos nacionalmente pela paridade e democratização da universidade pública.
Pautar a discussão e a luta contra a política de expansão do Governo em todas as universidades brasileiras é fundamental, mas, a tarefa central do próximo período deve ser organizar uma campanha nacional contra as fundações privadas e mostrar claramente a que política e lógica elas servem e democratizar a consulta para Reitor com a paridade para que possamos avançar para o voto universal e a gestão paritária!

2 comentários:

Ciência Brasil disse...

Fabio,

"A discussão democratica é fundamental para que tenhamos um apelo de revogação tanto do decreto como dos planos de expansão de cada universidade. Porém, é necessário que se aprofunde o debate nos impactos que isto gera na universidade a posteriori."

concordo 1000 % !!

Marcelo Hermes

Unknown disse...

Um título: “Referendo sobre o REUNI não conseguirá explicar pro estudante....”. Isso, induz o leitor a pensar que não importa o que for explicado, que o estudante não aceitará....Uma postura pouco democrática, não é?

Falando em democracia na Universidade de Brasília, lembramos um de seus fundadores (Darcy Ribeiro) comentando a paridade. É fato que muitos afirmaram que 15 anos se passaram, são outros tempos e uma outra realidade. Ele não poderá adequar seu pensamento aos dias atuais. Contudo façamos nossas especulações: o movimento estudantil nunca foi simpático às idéias desse senhor, ele estava caducando e por ai vai...
:
R. bras. Esl. pedag., Brasília, v.74, n. 178, p.743-750, set./dez. 1993

Campus — E o papel do estudante nesse processo político?
Darcy — Estudante mandar na universidade é um caminho para matá-la. O estudante está numa casa hierárquica e hierarquizada. O sábio é sábio e tem que ensinar o aprendiz. O aprendiz pode exigir do sábio que ensine a ele. Mas não pode querer substituir o sábio. E claro que um certo porcentual de estudantes, 20% por exemplo, pode votar para reitor.
Mas não pode ser maioria. Se a porcentagem dada aos professores for menor que 70%, com três candidatos o estudante se junta com o funcionário e faz o reitor. O estudante não tem que reivindicar isso, isso é bobagem de política, de partidarismo. Ele quer que a universidade seja boa, que funcione, que dê cursos adequados, material didático adequado, mas não quer mandar na universidade.

Campus — Mas a escolha do reitor não diz respeito ao estudante?
Darcy — O que está acontecendo é que a eleição do reitor virou uma eleição partidária, com cartazes, com ofertas de vantagem, de emprego, com suborno para conquistar o voto de funcionário e o voto dos alunos. Para evitar essa corrupção tem que deixar essa escolha para os professores. Ele são responsáveis e têm que ser responsabilizados. São eles que fazem o corpo de governo da universidade, é assim no mundo inteiro. Aqui foi partidarismo, sectarismo e corporativismo que fizeram diferente.

http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/view/528/540

Uma síntese: “Ele são responsáveis e têm que ser responsabilizados.” O Ex-Reitor que diga, e parabéns estudantes quando exigem responsabilidade, e fiscalizam seus professores e a universidade. Contudo, muito cuidado para não se enforcarem no próprio laço!!!