sábado, março 01, 2008

Carta de Indignação
FINATEC, UnB, crise de gestão e etc...

Nas últimas semanas centenas de denuncias tem sido veiculadas pela imprensa sobre a destinação das verbas da Universidade de Brasília. O escândalo dos diversos contratos da FINATEC demonstravam claramente desvio de sua finalidade estatutária na alocação de recursos. Desde investimentos em shoppings até uma decoração de meio-milhão de reais na casa do Reitor da UnB Thimothy Mullholand. A decoração chamou a atença de todos, já que enquanto o Magnífico morava em uma excelente cobertura no melhor prédio do Distrito Federal os estudantes da Universidade moravam em condições idiscritivelmente precárias.
A grave crise de gestão na universidade demonstra sua profundidade quando ela extrapol as cercas regionais e passa a ser manchete nacional, com a denuncia de uma revista de grande circulação sobre os contratos irregulares da FINATEC (Fundação de apoio da UnB) com diversas prefeituras brasileiras. Políticos importantes começam a fazer declarações públicas em defesa do Reitor da UnB. O Ministério Público do Distrito Federal que cumpri um papel fundamental encabeçando com seriedade a investigação nas contas da FINATEC é acusado por "leões de chácara" da administração superior da UnB como se ferisse a "autonomia universitária".
De qual autonomia universitária estamos falando? Aquela que deixa diversos laboratórios da universidade sem material, com falta de reagentes, estudantes alojados em situação isalubre, salas de aula sem ventilação, com goteiras, falta de professores, baixos salários e etc (podería gastar uma eternidade falando do abandono da UnB) e aprova o gasto de 470.000 reais na decoração do apartamento do Magnífico Reitor. Uma autonomia que garante privilégios para uma "casta superior" em detrimento da comunidade acadêmcia e da sociedade.
Diversos professores estão com medo de exporem seu posicionamento pelo afastamento do Reior, é isso mesmo, medo de perderem a pouca estrutura que possuem para trabalhar e realizar as reais finalidades da universidade que são: ensino, pequisa e extensão. Os estudantes bradam como uma voz independente e não temem as represálias, porque muitas vezes a dura realidade do dia-a-dia na universidade já é concretamente um ataque.
Temerosos com a mancha que paira sobre a forma de funcionamento das "fundações de apoio" dirigentes políticos, a ANDIFES e outras organizações tentam abafar a crise, convocam uma Audiência Pública pra dizer que o problema não são as fundações de apoio. E o que o MPDF demonstrou com suas investigações é que a FINATEC é só uma parte do que ocorre em todo o país com esta estrutura de organização. As fundações de apoio são usadas em todo o país como organizações laranjas que escoam o dinheiro público e seu papel é secundário e muitas vezes até irrisório no fomento a pesquisa, extensão ou ensino.
A tarefa central com todos so comprometidos com a defesa da Universidade Pública, gratuita e de qualidade é lutar para que ocorram as investigações, que todos os culpados possam ser punidos, que as fundações possam ser extintas da universidades públicas, que o Prof.Thimothy (principal figura nacional que representa este modelo de administração) possa ser afastado de seu cargo como uma demonstração que a má gestão e utilização do dinheiro público é um grave crime contra toda a sociedade.

1 comentário:

Na contramão disse...

A crise da FInatec é resultado da autonomia universitária, que não controla o efetivo cumprimento da chamada dedicação exclusiva. Permitindo que os professores se dediquem a atividades particulares de consultas, consultorias e treinamento, até em tempo que deveriam ter atividades públicas nas universidades. Por outro lado, esta mesma autonomia deu-lhes possibilidade de destinarem o orçamento quase que integralmente para as despesas com pessoal, em detrimento das despesas operacionais, manutenção e investimentos. A conjunção destes desvios, ensejaram a criação das conhecidas fundações universitárias de "apoio", como forma de , ao mesmo tempo, "legalizar" as atividades particulares dentro da universidade, cobrando por aqueles serviços (e aumentando suas rendas), serem "bonzinhos", doando uma parte para a unidade universitária, exatamente dando lhes condições precárias para funcionar, complementando a parte que justamente lhe foi apropriada no orçamento original. Não satisfeitos, algumas cabeças acabaram, desviando estas verbas (ou melhor duplamente desviadas) para as atividades nada educacionais no apartamento do reitor.
Portanto, o descaminho é fruto da "sagrada" liberdade universitária e omissão dos que deixam a raposa cuidar de seu próprio galinheiro.