segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A vida política brasileira anda bastante confusa.... Muitas dificuldades de decifrar os acontecimentos..... momentos de muita "confusão"
Na capa dos principais editorias e colunas de Brasília e do Brasil o Sr. REI-tor da universidade de Brasília. Abaixo a matéria publicada na CartaCapital pelo repórter Felipe Coutinho.


As acomodações do reitor
15/02/2008 18:08:11
Filipe Coutinho
O Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) quer o afastamento do reitor Timothy Mulholland, ao menos enquanto durarem as investigações sobre a reforma da residência oficial feita, em 2007, com recursos da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Os estudantes querem o ressarcimento dos 465 mil reais investidos. Segundo a coordenadora-geral do DCE, Luiza Oliveira, há indícios de superfaturamento. “Os gastos são, no mínimo, esdrúxulos”, afirma. A universidade investiu, por meio da Finatec, quase 3 mil reais em três lixeiras. O DCE da UnB entrará com uma representação no Ministério Público da União na quarta-feira 20. Os gastos da Finatec estão também sobre investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Segundo o promotor responsável pelo caso, Ricardo Antonio Souza, muitas compras da Finatec vinham com recomendação direta da UnB com preço e local de venda dos produtos. “Houve prejuízo aos cofres púbicos e desvios de finalidade”, afirma o promotor. O órgão não tem, porém, atribuição para investigar a reitoria, pois a universidade é federal. A decoração do apartamento custou mais que o orçamento de cada um dos 62 cursos da UnB, em 2007, com exceção de Medicina e Química. O trajeto dos gastos é tortuoso. A UnB repassa recursos anualmente para a Finatec, uma fundação de direito privado. Em 2008, por exemplo, a verba chegará a 104 milhões de reais, segundo o MPDFT. A Finatec financiou a decoração por meio do Fundo de Amparo Institucional (FAI), destino de 10% do orçamento da fundação. Os recursos vindos da UnB, apesar do FAI ser da Finatec, é controlado pelo conselho da UnB. Assim, o alto escalão da universidade tem controle sobre uma verba sem exigência de licitação, uma vez que o recurso é da fundação. E não há obrigação, por lei, de se fazer licitação. Os estudantes têm organizado ainda protestos contra Mulholland. O primeiro foi no sábado 9, quando 50 alunos passaram a tarde em frente à residência oficial. Segundo Fábio Félix, outro coordenador-geral do DCE, o protesto recebeu o apoio dos vizinhos. “Teve até um rapaz de um prédio que colocou o amplificador na janela e tocou Que País é este?”, conta, ao se referir a uma das famosas canções do falecido Renato Russo, da Legião Urbana. O luxo da residência do reitor contrasta com a precariedade da Casa do Estudante Universitário da UnB, onde moram 360 universitários. Há rachaduras, goteiras, infiltrações e janelas quebradas. Enquanto o apartamento do reitor recebeu quase meio milhão de reais, lá foram investidos pouco mais de 100 mil reais, no ano passado. Em nota oficial, Mulholland disse ter desocupado o apartamento, pois não tem “apego pessoal” ao lugar. O reitor determinou que o imóvel seja usado para atividades de representação da UnB. Essas atividades incluem, segundo a nota, receber autoridades e pesquisadores. Desta forma, os próximos ocupantes – ou visitantes – poderão curtir uma sala de cinema de mais de 36 mil reais, um dos investimentos feitos no apartamento. O Conselho da UnB informou, em comunicado, que os gastos obedeceram a “mandamentos éticos”. Como justificativa, o conselho alegou a “alta visibilidade” do reitor. Mas não é só o apartamento do reitor que incomoda os estudantes. A UnB foi a campeã de gastos com os cartões corporativos do Ministério da Educação, com quase 1,3 milhão de reais. Os saques em dinheiro do Hospital Universitário de Brasília passaram de 141 mil reais. Em uma única papelaria, foram gastos 45 mil reais. No dia 11, a universidade divulgou auditoria interna sem apontar irregularidades. Mas a administração da universidade reduzirá à metade os 202 cartões disponíveis. O DCE contestou o resultado. “Não houve a participação de professores, servidores e estudantes na auditoria”, afirma Fábio Félix, do DCE.

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